Situação da JBS deve abrir espaço para outras empresas, diz Jardim
02/06/2017 12:36
Titular da pasta da Agricultura paulista, ele acredita no fortalecimento de empresas com atuação regional
A situação da JBS depois das delações í Justiça pode levar a um aumento da participação de outros agentes no mercado de carne bovina. A avaliação foi feita pelo secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim.
-A primeira consequência deve ser a emergência de frigoríficos de abrangência regional. Tínhamos visto uma grande concentração, e acho que a situação da JBS abre espaço para outras forças', disse Jardim, em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (1/6) durante o Seminário Perspectivas para o Agribusiness 2017 e 2018, promovido pela B3, na capital paulista.
Com a maior das processadoras de carne do país enfrentando pendências judiciais, o mercado vive uma incerteza. Em Mato Grosso, onde está o maior rebanho do Brasil e a JBS responde por praticamente metade dos abates, pecuaristas querem incentivo tributário para abate de bovinos fora do Estado. E o governo estadual estuda formas de aumentar a concorrência na indústria.
São Paulo detém em torno de 5% do rebanho comercial no Brasil, lembrou o secretário de Agricultura. No entanto, o Estado é um importante -abatedouro', responsável por 24% do processamento no Brasil, principalmente de carne bovina destinada í exportação.
Questionado sobre eventual apoio ao setor pelo governo paulista, Arnaldo Jardim disse que, pelo menos até o momento, não vê necessidade de mudanças tributárias. Segundo ele, as medidas passam por fortalecimento do sistema de inspeção sanitária do Estado, além de iniciativas de exposição e promoção de produtos.
-Todas as linhas de crédito do governo do Estado são mantidas para permitir um apoio ao capital de giro das empresas. Isso tem tido uma repercussão positiva na avicultura e deve se desdobrar na bovinocultura', acrescentou Jardim, referindo-se ao Desenvolve SP, a agência paulista de fomento.
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, reconheceu que há uma preocupação grande com a situação da JBS. E avaliou que é preciso tomar cuidado para separar a questão política e a econômica.
-As investigações devem ser feitas, mas temos que cuidar da produção. Queira ou não, a JBS tem um mercado muito forte de exportação de proteína animal. É preciso cuidar para não estourar a empresa, talvez trocar o comando, mas ter cautela nessa discussão', disse Geller.
Mudança estrutural
Também durante o seminário, a sócia da Tendências Consultoria Amaryllis Romano avaliou que ainda não é possível saber que efeito a situação da JBS pode ter sobre a cadeia produtiva da carne bovina. De qualquer forma, ela acredita que o setor terá que passar pelo que chamou de mudança estrutural de mercado.
-Vai ter que mudar a forma de produção desse setor no Brasil, com participação maior de insumo que não seja pasto, gado extensivo. E isso traz uma questão relevante em termos de custos de produção desse setor', disse Amaryllis.
Sobre o momento atual, ela afimou que o mercado interno não está tão favorável para a carne bovina, apesar da relativa melhora do poder de compra dos brasileiros. O produto está começando a se tornar caro para o orçamento das famílias, além da concorrência com as carnes suína e de frango estar mais acirrada.
Já o mercado externo traz uma expectativa mais favorável. A sócia da Tendências Consultoria lembra, inclusive, que as vendas de carne bovina para o exterior são um fator importante para regular a formação dos preços praticados no mercado doméstico.
Fonte: Revista Globo Rural
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